Recentemente participei de uma live com o designer Felipe Polo (atualizando: lá em setembro de 2021!) e uma das perguntas que ele me fez foi qual dica eu daria para quem está começando ou querendo começar no lettering. Meu falho poder de síntese não me permitiu dar apenas uma dica, mas uma série delas. Algumas se baseiam em coisas que fiz e que foram importantes para mim e outras se baseiam em coisas que gostaria que alguém tivesse me contato.
Desde o dia dessa live venho refletindo sobre essas dicas e sobre a minha própria jornada no universo das letras. Se passaram apenas 3 anos desde que comecei, mas mesmo nesse pouco tempo posso olhar para trás e reconhecer que juntei um aprendizado ou outro. E hoje, decidi compartilhar algumas dessas dicas nesse post. Talvez, com sorte, algo que eu diga por aqui possa te ajudar a virar alguma chavinha por aí, do outro lado da tela. Então vamos lá, se você gosta desse incrível universo das letras, toma aí 5 dicas para começar no lettering.
Sinto dizer, mas não é em um mês que você vai virar um artista de lettering. Segura essa ansiedade aí! Assim como tudo na vida, aprender um novo ofício, uma nova técnica, leva tempo.
E não queira passar o carro na frente dos bois. Aprender a base, os fundamentos, é justamente isso, fundamental! Pular etapas só vai deixar seu trabalho meio capenga, com aquela sensação de que algo está faltando e você, provavelmente, não vai saber identificar o por quê. O que pode gerar muita frustração.
Eu sei que um lettering, que a princípio pode parecer muito simples, muito básico, não te empolgue tanto. Mas se ele for construído da forma correta, vai ser mil vezes melhor do que um lettering cheio de floreios sem sentido. Então no início, foque no básico! Estude a forma das letras a partir de modelos clássicos. Vá construindo seu trabalho aos poucos, degrau por degrau. Assim você vai chegar longe!
Primeiro: invista em conhecimento! Faça cursos, leia livros, pratique! Estude!
Em um momento como esse, em que vivemos um boom de cursos online, pode não ser tão simples aprender a reconhecer quem são os professores realmente comprometidos em ensinar, especialmente se você está no começo.
Antes de investir em um curso, pesquise sobre a pessoa que está se propondo a ensinar. Veja como é o trabalho dessa pessoa, qual é a experiência e a bagagem que ela tem na área. Escolher bons professores é muito importante e é algo que tem impacto direto no seu trabalho.
Há letras por todo lado! Observe as fachadas, as sinalizações, as capas de livros e revistas, os anúncios publicitários, os cartazes no mercado, as embalagens, rótulos. Observe o que há por aí hoje em dia e observe o que já foi criado anos atrás.
Seja uma pessoa curiosa e se pergunte sobre as escolhas que foram feitas nessas peças que encontrar. Se pergunte também que sensações elas te transmitem. As letras falam muito além do texto.
Mas não se limite às letras. Observe o mundo ao seu redor. Das grandes às pequenas coisas. Das artes à natureza e às pessoas que encontrar. Tudo pode ser fonte de inspiração.
Eu sei, somos todos loucos por materiais. Quem se sente no paraíso quando entra numa loja de materiais artísticos levanta a mão! \o/
Não há absolutamente nada de errado em ter uma bela coleção de materiais diferenciados. Eu adoro trabalhar de forma mais tradicional, então estou sempre renovando o estoque de tintas e papéis. Mas o ponto que quero levantar aqui é que ter todos esses materiais não é pré requisito para fazer lettering.
Obviamente o material necessário vai depender da técnica que você deseja aplicar, mas se você vai começar no lettering agora não se prenda a isso e use o que você já tem. Não adie o início da sua prática para quando você tiver um jogo de canetinhas, uma porção de penas, vinte cores de cada tipo de tinta, uma caixa de lápis de cor e dez tipos de papéis diferentes. Te falo com tranquilidade, que lápis, borracha e papel são tudo o que você precisa para dar o primeiro passo. E vá incrementando seu arsenal aos poucos, de acordo com a necessidade e também com as suas condições, vide a cotação insana do dólar!
Estilo próprio é legal? Com certeza! É fundamental ter? Não!
Agora vamos ver se eu consigo explicar o que quero dizer com essas afirmações! haha
Acho que o problema começa quando a busca pelo estilo próprio mata a oportunidade de crescimento através da experimentação. É se colocar numa caixinha, colar um rótulo na frente, fechar com fita e ficar preso lá dentro. É passar a beber de uma única fonte, que carrega exatamente o mesmo rótulo. Não demora muito e a gente começa a se repetir.
Estilo próprio não é algo que se força, ou que se deve forçar. É algo que vem com o tempo e apenas depois de muita exploração. E mais, talvez você nunca perceba que tem um “estilo próprio” até que outras pessoas passem a reconhecer esse fato sobre o seu trabalho.
Outro probleminha é usar a desculpa do estilo próprio quando na realidade o trabalho apenas carece de conhecimentos básicos. É a história de saber a regra antes de querer subverter a parada toda.
Confesso pra vocês que a questão do estilo próprio ainda me atormenta um pouco. Estou sempre me questionando sobre qual é a caixinha em que meu trabalho se encaixa – ou deveria se encaixar. Aí penso duas vezes e lembro que isso é cilada Bino! É claro que com o tempo algumas características têm se tornado mais frequentes e naturais no meu trabalho, mas eu acredito que é fundamental que eu me mantenha atenta e aberta para novas possibilidades.
Em resumo, o que quero dizer é: conheça os fundamentos, saiba aplicar o básico e então experimente. Use materiais diferentes e inusitados, misture técnicas, crie hipóteses malucas e teste. Não tenha medo de experimentar e se jogue!
Aqui no blog tem um post bem legal, cheio de informações preciosas para quem está começando, sobre as diferenças entre lettering, caligrafia e tipografia. Chega mais!
Conta pra mim nos comentários! Bora papear!